sábado, 15 de outubro de 2011

E o medo que nós tínhamos de nós mesmos? E aquele medo que nós tínhamos de nos perder? E o medo... O velho medo.
Olhou-me com aqueles olhos castanhos, de quem sempre desejava alguma coisa. Era preciso. Esperado... Sonhado. Era algo que não se poderia jogar fora. Era para ser guardado. Não, em hipótese alguma, poderia acabar.
Eu tenho medo de que um dia nós esqueçamos de quem nós somos e não nos reconheçamos mais. Algumas pessoas são assim. Nós seremos também?
E algo novamente move-se por dentro, transformando tudo que havia de bonito em feio, em podre. Era real tudo que ela estaria vivendo? Algumas coisas não poderiam ser... Não todas as coisas. E aqueles pesadelos? E todos os sonhos e planos? Qual deles seria a verdade?
Ainda estou naquela de que se algo de ruim for acontecer, tem que acontecer comigo. Meu puro pessimismo que ainda me afeta e não me deixa largá-lo.

É isso que me mata.
Quer dizer, nem tanto, mas às vezes sim.

É ruim envolver tudo em minha volta em uma coisa ruim que eu chamo de "minha vida", mas na maioria das vezes, acredito que o meu pessimismo anda apenas ao redor da minha cabeça, nos meus pensamentos e escolhas.

Sempre por perto.
Escondido.
E então, ela desajeitou-se e caiu da escada. Fechou os olhos e abriu os braços como se fosse voar. Sentiu o vento bater em seu rosto, como se realmente estivesse sobre um grande oceano. Era o peso da consciência que estava fazendo sentido. A chamou para baixo como se fosse mais pesado do que qualquer coisa. Achou que fosse um sonho, mas o corpo foi caindo lentamente enquanto ainda sonhava.

Caiu.

Deitou-se no chão como se não estivesse sentindo nada, como se nunca houvesse sentido alguma coisa. Mexeu-se devagar como alguém que "talvez" estivesse pedindo ajuda, mas não queria ser ajudada. Era algo só dela. Ela precisava matá-lo. Levantou um pouco a cabeça e respirou pela última vez.
Talvez nós estejamos mortos por dentro. Cada um tem um pouco de morte dentro de si. Todo mundo tem um pouco de um coração partido. Todos tem mágoas de palavras que machucam. E cada pedaço arrancado sangra como se fosse morrer, mas nunca morre. O sangue escorre manchando a vida que existe por dentro, mas não seca. A mancha está sempre lá, e aumenta a cada dia. E cada que passa, nós morremos mais um pouco. Até morrermos completamente de alma, existindo apenas um corpo podre que não serve de nada.

Que nunca serviu de alguma coisa.
Um lixo ambulante.
Nada.

É o teu silêncio que me magoa.
O problema é que o quanto que eu preciso escrever, é o tanto que eu nunca consigo colocar para fora. E claro, as palavras saem tortas por não conseguir processá-las de uma forma tão clara. E tudo vira cinza, vira nada. É como se só o vento existisse... Mas não conseguisse me tocar.

É aquele maldito vazio.
Que insiste...
Que trava...
Que nunca vai embora.

(...) Jogou-se e não sentiu gosto de nada. Só o vento. Perdeu-se na imensidão de suas palavras e gostos. Perdeu-se dentro de si mesma. Perdeu-se.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"E o amor, o amor, cara. O que eu faço com isso?
Você esquece, sei lá. Não tem tanta importância assim."
Queria gritar. Era difícil olhar em volta e não perceber-te mais por perto. Era totalmente irritante saber que, talvez, não poderia sentir-te perto nunca mais. E eu nunca mais senti.

Ele nunca mais ligou. Deve ter esquecido. Eu não sei. Não sei.

Eu não esqueci. Pensei e penso nisso todos os dias. Algumas das palavras dele ainda estão rodando em minha cabeça. Ainda permanecem aqui dentro.

Era um pouco ruim saber que ele havia me esquecido. E ele realmente esqueceu.