domingo, 2 de janeiro de 2011

Há uns dias, estava pensando sobre aquela pequena despedida no aeroporto. Sabe, quando ela virou para trás com os olhos cheios de lágrimas e se escondeu atrás de uma pilastra apenas para esconder o rosto das pessoas. E ao ver a tua mão acenando de trás das filas, das pessoas que a gente não sabe nada, estavam presentes naquele momento também, participando do nosso. Não me lembro do rosto ou do nome de algum deles, mas isso também não importaria. O que importava, era que você estava indo... Você foi. Não sem volta, mas você apenas foi. E não havia motivos de molhar o rosto ou borrar toda maquilagem por causa de uma pequena viagem que durariam apenas alguns meses. Mas sabe o que é lembrar disso e pensar sobre aquele dia na chuva? É quase a mesma coisa, só que você não podia acenar de volta. O que eu mais esperei era que eu apenas acordasse do nada e visse tudo aquilo não passava de um sonho ruim e que na manhã seguinte eu poderia acordar e ver teus olhos me olharem novamente. Demorou um tempo para perceber que isso não iria acontecer nunca mais. Então, tranquei-me em um quarto vazio que encontrei por aquele lugar solitário. Nada mais solitário e bonito do que um cemitério. Coloquei meus fones de ouvido e achei que aquela música poderia me tirar daquele lugar. Mas não, não foi bem isso que aconteceu. Parece que na mesma hora o chão se abriu sobre os meus pés e eu realmente me dei conta do que estava acontecendo. O que poderia ser pior do que aquilo? Eu só pensei... Eu pensei que... Eu não poderia acreditar que era você que estava lá. Me controlei várias e várias vezes enquanto as pessoas me procuravam lá fora. Até que não deu mais pra fingir que tudo era apenas um sonho ruim e que iria passar quando amanhecesse. Era real, estava bem do outro lado daquelas paredes molhadas. Doeu, você deve saber como doeu, você deve saber, de qualquer lugar que esteja. Não sei se está sentindo ou pode sentir como a tua falta me afeta até hoje e com certeza vai me afetar todos os dias que o meu coração ainda bater. Tu levou um dos maiores pedaços. Queria poder chegar na tua casa e dizer que acabei de comer e que não preciso de biscoitos, assim, para tu trazê-los de todo jeito.