sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sábado, 23 de abril de 2011.

Eram umas 17:20 e nós estávamos na sala enrolados no cobertor. Assistíamos a um filme de terror com a casa inteira escura. Teus braços estavam ao redor do meu corpo e a minha cabeça estava encostada em teu peitoral coberto com a camisa cinza de mangas longas. Você estava quente, eu estava quente, nós estávamos quentes. Bom era sentir aquela sensação de estar protegido pelos braços de quem mais se ama na vida. E eu conseguia sentir essa sensação sempre que eu estava contigo. Hoje era um dia qualquer, nada de especial... Mas eu conseguia me sentir especial estando do teu lado. Chovia cada vez mais e as gotinhas de chuva passeavam pelas janelas de vidro da nossa casa. Nós havíamos escolhido essas janelas para que a casa fosse mais clara de manhã. Nos encolhíamos cada vez mais, apertando-se um contra o outro para permanecermos na mesma temperatura. Tuas mãos estavam em meus cabelos; às vezes acarinhando os mesmos que permaneciam enrolados pelos teus dedos. A cada vez que sentia tuas mãos em meus cabelos, eu sorria sem você perceber, como se precisasse sorrir sempre que você fizesse algo que me agradasse. Minha mão procurou a tua por baixo do cobertor; logo achando-a estampada em minha cintura. Eu a segurei com certa força, não deixando-a escapar dos meus dedos quentes. Você soltou um pequeno riso e esfregou o nariz gelado em meu pescoço, o que me fez arrepiar por alguns segundos. Virei a cabeça para cima e observei teus olhos abaixados; ficou olhando-me com o teu olhar de quem sabe o que faz. Você abriu um pequeno sorriso enquanto tirava as mãos dos meus cabelos para acariciar o meu queixo que encontrava-se logo abaixo do teu; contornando-o com a pontinha do dedo enquanto observava os mesmos movimentos. Continuei olhando o teu rosto, observando os traços, os detalhes, o movimentos dos teus olhos, a tua boca. Era verdade... Eu sabia que era verdade. Eu sempre soube que tudo em você me agradava. Tudo. Nunca houve nada de que eu não gostasse. Deitei totalmente pelo sofá com a cabeça por cima do travesseiro que estava em teu colo por cima dos panos do cobertor. Eu queria ficar assim contigo para sempre. Aquele silêncio, o preto totalmente do cômodo, aquela paz e você. Isso era tudo. Tomei coragem e levantei a mão em direção ao teu rosto e você a encarou, desviando os olhos do seu dedo para a minha mão branquela que seguia na tua direção. A pousei no teu maxilar enquanto acariciava tua bochecha com o meu polegar. Logo me deixei repuxar o teu rosto devagar e lentamente o trouxe para bem perto do meu, deixando-me tocar os teus lábios com a ponta da minha língua. Você também passou a língua em meus lábios, tomando-os logo após para um beijo demorado e apaixonado. Nós passamos a noite toda no sofá, optamos por dormir no mesmo lugar onde estávamos logo que o filme terminou. O filme que nós não vimos por estarmos concentrados um no outro. Adormecemos abraçados e com três cobertores enrolados no corpo. O tempo passou, as horas e os minutos. Eu acordei, você não estava mais por trás de mim. Você havia ído para aula, como sempre faz de manhã... Tinha suas obrigações. Levantei do sofá ainda com uma enorme preguiça que não me abandonava nunca. Esfreguei os olhos com as duas mãos e logo notei um pequeno papel por cima da mesa escrito com a tua letra. Fui até a mesa e o segurei em minhas mãos, onde estava escrito:

Hoje foi difícil ter que levantar e deixar-te sozinho no sofá onde tu estavas agora pouco. Eu gostaria de ter ficado mais, até você acordar. Queria ter feito o teu café da manhã. Eu te dei um beijo de bom dia, você sentiu? Eu disse que te amo no teu ouvido. Você com certeza ouviu, porque eu consegui ver o teu sorriso em confirmação. A noite te levo pra jantar, esteja pronto às 18:00 horas. Eu te amo, meu menino.

Segurei o papel enquanto deixava-me sorrir que nem um bobo. Eu pensava em ti desde que acordei e agora pensava mais ainda.